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Can't we remember the future?

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Can't we remember the future? Empty Can't we remember the future?

Mensagem por Branca 26th setembro 2015, 16:36




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There's a room in a hotel in New York City.

That shares our fate and deserves our


------------------ pity. ----------------



Só havia uma borda marrom de café na caneca quando Tert esgueirou-se para mais um gole que o deixaria acordado nas próximas horas.

Onde diabos todo o café havia ido?

Lembrava-se, vago, de tê-lo tomado, gole após gole, sentindo aquele terror correr por suas veias, por seu sangue; tornar-se um com seu plasma. Então, fazer o coração bater arrítmico, descompassado, num desespero de quem acorda de sonhos ruins: os olhos piscando, insanos, a inquietação fervendo na boca do estômago, uma vontade crescente de estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa; de sair correndo e correndo e correndo e gritando até estourar, até as pernas cederem, até desmaiar de exaustão.

Mas agora havia a exaustão.

Ele havia digitado números por horas a fio, calculando as últimas pendências junto ao fisco e atualizando o livro-caixa. Havia, também, mantido uma firme nota do inventário dos produtos totais da empresa; revisto os diários deixados pelo velho Amaral — o velho cego que se entranhara no serviço como craca a um navio e que, volta e meia, deixava rombos nos cálculos que esperava que ninguém visse — e havia repassado todos os números e datas que pensara possível em um limitado espaço de tempo.

Doze horas. Doze horas e ele estava começando a ver estranhezas em cada sombra alongada e estalo dos computadores antigos (as máquinas remontavam ao início da revolução industrial, no kidding) e Tert se via saltando no lugar toda vez que imaginava uma mão magra se esgueirando por seus ombros esguios.

— Ah, meu Deus... Jesus Cristo... — E torcia as mãos trêmulas.

Quantos copos de café ele havia tomado?

Cinquenta copos de expresso e contando. Não era uma lenda urbana que tanto café era capaz de matar uma pessoa? Talvez seus rins não conseguissem processar toda a quantidade de cafeína em circulação. Talvez isso fosse sobrecarregar seus néfrons. Se eles chegassem à carga máxima possível, estourariam? Tert lembrava de ter lido alguma vez, numa pesquisa, que o excesso de café podia dilatar veias até o ponto da ruptura. Será que o mesmo aconteceria com as estruturas microscópicas de seus rins? Suas mãos começaram a tremer mais. A sensação de que alguém estava por perto não o deixava.

— Ok, ok, ah... Foque no trabalho, Tert.

Deus sabia que precisava. Havia sido um número na estatística do desemprego por mais tempo do que achava seguro e, nesse meio tempo, havia morado em grandes aglomerados habitacionais — os afeiçoadamente chamados “Pulguedos”, por conta dos parasitas que pululavam dos cantos aos montões — e havia se enquartado num apartamento com outros três colegas de quarto, remoendo jornais e perpassando marca-textos sempre que achava uma vaga capaz de aceitá-lo. Estivera em mais filas num espaço de seis meses do que estivera em toda a vida e sempre se encontrava ombro a ombro com outros rostos suados, cansados, macilentos, querentes de uma saída àquela agonia que chamavam de vida; pastas apertadas junto ao peito, magras como seus currículos feitos de lacunas e paletós baratos, surrados, que já viram muitas outras entrevistas como aquelas.

“Perdão, mas nossa empresa não procura por um perfil como o seu”, naquele tom de negócios que era usado para despachá-lo e a outros como ele; todos os que voltavam de cabeça baixa da sala fechada que apontava o rumo de suas vidas, decidindo-a por eles. Alguns, otimistas, trocavam tapas nos ombros e diziam que seria da próxima vez. Mas quando seria a tal próxima vez? A recessão econômica entrava em pináculo e as empresas não contratavam, despediam. Ele era um contador, afinal; era bom com números e estatísticas. Sabia dizer quão ruim era a situação do país quando a taxa de desemprego atingia inadmissíveis 7,5% e as demissões superavam as contratações em 2,8%. Todos os dias, curvado diante da TV, Tert veria o noticiário, anotaria os números e tomaria café, muito café, enquanto assistiria impassível a carteira esmaecer, sem remédio.

Os avisos de despejo se amontoavam, jamais abertos ou lidos, num canto do quarto. A terceira vez que pedira por empréstimo no banco tivera seu pedido negado. Quatro meses inadimplentes de aluguel o deixavam no limiar entre arrumar outro lugar ou ser jogado à rua; suas coisas figurariam espalhadas na calçada, no asfalto e ele não teria escolha que não deixá-las para trás, incapaz de levá-las às costas ou pagar para que alguém as movesse dali. Ele estava acabado. Sua carteira tinha apenas uma nota de vinte, amassada e suja como se um mendigo a houvesse usado para cheirar coca e depois a houvesse repassado ao mercado e ela era sua última esperança para passar o dia. O mês. O ano. Quanto tempo... quanto tempo mais precisaria?    

Quando suas reservas atingiram os cinco reais foi que Tert entrou em desespero.

Pensara em um fim rápido e indolor. Algo menos clichê do que uma corda, talvez. Menos doloroso do que pulsos cortados. Talvez colocasse seu filme favorito para rodar no VHS, o clássico empoeirado que ele fizera questão que resistisse às reviravoltas do tempo, comprasse um vinho barato e se afogasse com ele em remédios. Iria ser rápido. Indolor, talvez. Choraria um pouco ao som de Heart; pensaria, então, que preferiria ter morrido ao som de Bonnie Tyler, mas seria tarde e a consciência desvaneceria num borrão. Não seria bonito. Ele provavelmente seria encontrado afogado no próprio vômito, o corpo carente de ver-se livre de toda aquela porcaria, mas seria um fim razoável a uma vida patética. Tert havia planejado tudo, então. Trazia o vinho debaixo do braço quando, junto às paredes pontuadas de infiltração e os vidros quebrados do pulguedo, letras garrafais despontaram junto de seus olhos.

PRECISA-SE DE VOLUNTÁRIOS

Pesquisadores da Universidade de Pontiaçu selecionam grupo de voluntários interessados na aplicação de uma droga experimental contra o surto de Influenza-A (popularmente conhecida como H1N1). A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 25 de Abril de 2009 que a epidemia é um caso de “emergência na saúde pública internacional”, significando que países em todo o mundo deverão acentuar a vigilância em relação à propagação do vírus. Numa tentativa de encontrar uma vacina capaz de combater a cepa mutante do Influenzavirus A o Centro de Pesquisas Biológicas de Pontiaçu recruta interessados que possam, através dos experimentos realizados e do empréstimo honroso de suas vidas, contribuir enormemente para o futuro da humanidade. Estima-se necessários de dez a vinte voluntários que passarão por uma bateria de exames prévios, consultas médicas e, por fim, serão submetidos a seis meses sob a ação contínua da droga. Dado o risco a que esses pacientes se expõem, o CEPBP se responsabiliza por quaisquer reações adversas, danos à saúde do paciente e pelo incômodo a que estarão submetidos durante todo o processo de aplicação. Estas despesas, portanto, serão cobertas pelos fundos de pesquisa da Universidade de Pontiaçu. Interessados entrar em contato no endereço Rua Jardim dos Eucaliptos Champeche, 1301, apartamento comercial nº 530 ou através do telefone (42) 3902-7915.

Para resumir uma história longa, aquele anúncio significava uma coisa: dinheiro. E Deus sabia como Tert precisava de dinheiro.

Foi assim que viu-se outra vez numa daquelas filas infindas, braço com braço, ombro com ombro com outros tantos que pareciam igualmente desesperados; igualmente cansados. Achou-se idiota por ter se vestido como que para uma entrevista, mas fora força do hábito: tomara o paletó azul meia-noite, esgarçado nos cotovelos e carcomido nas pontas e nas casas dos botões, sem nem pensar. Agora, em meio a rapazotes irrequietos que gastariam o dinheiro com crack, mães de família com bebês ao peito que choramingavam e puxavam seus cabelos sujos e detestavam o silêncio e homens de rosto sulcado, beirando os quarentam cinquenta anos, Tert sentia o rosto quente e uma pontada firme na nuca que não o abandonava. Tinha essa sensação sempre, a saber; ao menos sempre que estava junto de tantas outras pessoas. Era como se os olhos estivessem, discretos ou não, voltados para ele, o julgando, analíticos. Ele não conseguia reunir coragem o bastante para erguer os seus e saber se estavam ou não, mas a sensação... A sensação não o deixava.

— Tertuliano Rezende? — Uma enfermeirazinha metida num jaleco branco e com o cabelo atado firme em um coque chamou-o, tamborilando uma prancheta.

Tert encolheu-se diante do nome que nunca usava. Parecia ter levado uma pancada.

— Sou eu. — A mão foi parar lá no alto e todos olharam. Certo, agora seu rosto estava bem quente.

— Me acompanhe, por favor.

Como dito no anúncio, lhe fora explicado por cima e com poucos detalhes a que é que estaria se submetendo. Muitas coisas àquela altura pareceram engraçadas, como o fato deles não estarem exatamente escolhendo pessoas infectadas para aquele tipo de experimento. Como poderiam verificar a evolução da vacina em pessoas sãs? Mas Tert precisava do dinheiro como nunca precisara de nada em toda a vida, então resolvera enxotar todas as perguntas para o fundo dos pensamentos e deixá-las lá, dormentes, até que houvesse notas em seu bolso e um prato de comida a sua frente.

Passara, assim como todos os outros voluntários, por uma bateria de exames e por consultas com profissionais da área. Pediram que assinassem formulários. Pediram que se admitisse ciente de que a droga poderia apresentar reações adversas violentas. Lhe entregaram, também, um punhado de papéis junto com caixas de comprimido branco e pediram para que anotasse, dia a dia, quaisquer sintomas que lhe parecessem dignos de nota. Na verdade, o que o médico esnobe de nariz torto lhe dissera por trás de sobrancelhas torcidas, fora para anotar todo e qualquer sintoma aparente, digno de nota ou não. Qualquer coisa, por menor que fosse, deveria constar naqueles papéis.

— Entenda, filho, se o seu pinto começar a virar um pouco mais para a esquerda do que para a direita você vai escrever nesse maldito papel e reportar para mim. Entendido?

Tert ainda queria o dinheiro, então que se danasse. Assentiu que sim, pegou a bagatela de papéis, a caixa dos comprimidos e, quando saía, teve o braço abruptamente puxado para trás. Aquele médico horroroso estava lhe dando nos nervos; os dentes próximos à sua orelha, sussurrando com um hálito infernal:

— Quinze dias e você volta aqui para uma vacina. Outros quinze, outra vacina. E não tente parar o tratamento pela metade ou as reações serão severas. Entendeu?

Por algum motivo aquele médico lhe lembrara o exército e a hierarquia ridícula que havia enfrentado durante um único ano sob a tutela das forças armadas. Como ele odiara aquele lugar com todas as forças que tinha. Era o mesmo ódio quente que tinha por esse médico, sibilando em seu ouvido como se fosse seu subordinadozinho de merda.

— Eu entendi.

Aquele dia Tert comeu fora, num restaurante gorduroso na zona leste da cidade. Seus olhos se encheram de água ao mero cheiro de bife com fritas. Soda limonada, arroz, feijão, salada; ele não podia pedir por mais. Os melhores chefs deveriam por-se de joelhos e adorar essa comida abençoada. Ele não tinha uma refeição como aquela em meses. Fora ainda com a soda servida que tomara seu primeiro comprimido. Outra coisa engraçada, aquela. Vírus, até onde ele sabia, reagiam a vacinas. Bactérias, vermes, fungos, estes reagiam a medicamentos comprimidos. Vírus eram
 [ . . . ]


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